quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Besouro Negro#02 - Presente de Egípcio

                          

Autor Hugo Ribeiro Edição Olavo Lima 
Mini Serie

Meu nome é Ted Kord e eu estou morto. Fui traído por alguém que eu considerava, bem, um canalha egocêntrico e megalomaníaco, porém um amigo. Fui morto por minha curiosidade, a curiosidade de um inseto. Pois é isso que fui em vida: um inseto. Milhões e milhões de espécies e um número ainda mais elevado de espécimes. Todos juntos poderiam destruir o mundo se quisessem, mas um sozinho foi incapaz de salvá-lo e de sequer salvar a si mesmo.

Depois de me despedir das garotas, entro no templo sob a areia. Sabia que Dan me esperava lá. Nas parede, desenhos antigos, alguns de coisas conhecidas. Identifico o capacete do Sr Destino.. e o Escaravelho! Continuo por uma galeria estreita... Tudo fica escuro.

Dan Garret- Ted, quanto tempo, meu garoto!

Ted- Professor Garrett...

Dan- O que é isso, rapaz! Pra que as formalidades!

Tudo fica claro como se luzes se acendessem.

Ted- OK. Dan. Mas não vá se sentindo íntimo demais. Que eu me lembre, você é hetero. Mas vai saber depois de tanto tempo aqui...

Dan- Sempre com as piadas... É por esse tipo de coisa que você passou tanto tempo pra descobrir a palavra mágica do Escaravelho e quando descobriu já não adiantava de nada.

Ted- Quê? Era “Kaji-dha” mesmo?

Dan- Era, e eu tinha te avisado de maneira sutil, dias antes de morrer... Mas você soltou uma dessas piadinhas e não me ouviu! Quando eu estava morrendo, achei que não era essencial te dizer porque você já sabia...


Ted- Ah...A propósito, você se lembra da piada? Era uma sobre um pintinho ou coisa assim?

Dan- Não! Eu não me lembro da piada. Isso não importa. Agora, ouça, garoto...

Ted- Eu até ouço, mas pare de me chamar de garoto... Eu envelheci nos últimos anos. Ao contrário do senhor, eu não estava morto.

Dan- Tá bom. Ted, você vai voltar à vida.

Ted- Quê?

Dan- Não me faça repetir.

Ted- Não farei... Apenas se explique.

E Dan Garrett, o Besouro Azul original, doutor em arqueologia, morto num acidente numa escavação, o homem que fez com que eu me tornasse o segundo Besouro Azul, me contou tudo.

Ele começou falando sobre o Escaravelho, de coloração azul, ao qual passarei a me referir como o Escaravelho Azul, que concedia a ele seus poderes e emprestava a cor pra nossos codinomes e uniformes. Infelizmente, não era pra funcionar comigo, e eu sempre tive que me virar com apetrechos tecnológicos, o que tornou a coisa mais divertida. Porém, o que vem depois é que é interessante:

Dan- Aqui as coisas são mais claras. Não muito, mas são. Basta estar procurando pra achar. Mas eu demorei demais pra começar a procurar, e quando encontrei, percebi que era tarde demais pra mim.

Ted- Do que você está falando, Dan?

-Dan Do Escaravelho, mas não do que você conhece. O verdadeiro Escaravelho de Nabu. Negro, tão negro quanto fim do universo. Não reflete luz nenhuma! É de uma beleza indescritível, mas ainda mais surpreendente por outras propriedades.

Ted- Outro Escaravelho? Esse funciona comigo?

Dan- Certamente. O Escaravelho Negro! Roubado da tumba de Nabu, substituído por outro também poderoso, mas de diferente origem. Esse sim é um artefato irmão do Capacete! Arqueologia dimensional é uma ciência incrivelmente fascinante! Foi muito difícil saber o que procurava. Quando o encontrei, vi que não era por mim que o procurava.

Ted- Mas o que ele faz de tão especial?

Dan- Por hora, ele vai servir para ressuscitá-lo, mas tem outras possibilidades, talvez infinitas. Ou seja, novamente vamos ser separados pela morte. Queria dá-lo como um presente, diferente do outro que ficou como herança, mas isso vai ser impossível.

Ted- Agora que não entendi nada. Você não o encontrou? Não vamos usá-lo para me ressuscitar? Como você não pode me dar? Aliás, quem disse que eu quero ser ressuscitado?

Dan- Não está na sua hora, meu rapaz. Não que haja uma linha temporal a ser seguida, mas, você sabe, ainda tem um papel a cumprir. Já está na hora de pegar seu presente e ir.

Ted- E se eu quiser ficar aqui?

Dan- Você não vai, e você não quer. Apesar das coisas boas que você viu aqui, você poderia ter, por exemplo, encontrado com ele.

Ted- Quem?... Oh...

Atrás de mim, ele, o homem que me matou. Seu pescoço parecia estranhamente retorcido e recolocado no lugar. Senti algo na cabeça e coloquei a mão. Um buraco enorme de bala... E sangue... Percebi que meus visores estavam quebrados, e senti dores. O castelo de novo. Dan... cadê o Dan?

Ted- O que você fez com ele?

Maxwell Lord- Quem? Eu não fiz nada... Com ninguém... Exceto com você. Sua morte será esquecida pela sucessão de eventos. Será só mais um morto.

Ted- Mas, você também está morto? Como isso aconteceu, seu maldito!

Max- Sim. Mas minha morte é diferente. O primeiro assassinato cometido por um meta-humano de nível tão alto e transmitido para todos os países do mundo. A Mulher Maravilha vai se arrepender pra sempre. Vale a pena morrer assim...

Ted- Diana! O que você fez?

Max- Não se preocupe... Estamos mortos agora. Sem ressentimentos.

Ted- Ressentimentos? Eu vou mostrar pra você...

Max- Calma, Ted. Você tá parecendo o Guy...

Ted- Eu preciso voltar. Eles precisam de mim. Agora entendo que algo grande está acontecendo.

Eu vejo o cenário voltar a ser o que era. Dentro da tumba, e Dan esta de volta também.

Dan- Onde você foi?

Ted- Não importa. Eu estou de volta e agora sei que preciso voltar a vida. Onde esta o Escaravelho Negro?

Dan- Era isso que eu ia falar com você. Ainda tem um probleminha...


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